20 de novembro - Novos desafios para a luta anti-racista!!!!1

Boa noite a todos,

Quando iniciei minha participação na luta anti-racista, uma das nossas principais bandeiras era o enterro do 13 de Maio e a valorização do 20 de Novembro. Nela o desejo de resgatar "nossa verdadeira história", não do pai Tomás, beneficiário da Lei Áurea, aprovada pela Princesa Isabel, mas o negro insurgente, fujão e quilombola que, como Zumbi dos Palmares, resistiu a escravidão.

Anos se passaram e hoje sabemos que existem muitas possibilidades para pensar a experiência africana e afrodescendente em nosso país e a muita história para contar entre os mitos de Zumbi e Pai João, entre conflitos e negociações.

Mas independente das novas interpretações historiográficas, é inegável que a mobilização da imprensa brasileira em torno da data evidencia que o movimento negro e aqueles que lutam por igualdade e democracia tem muito a comemorar.

No entanto, igualmente, esta situação indica que precisamos rever aspectos da nossa agenda política. De fato, do ponto de vista institucional, a fala Ministro Edson Santos, em cadeia nacional, apresentando um balanço das políticas governamentais apontam para conquistas significativas, particularmente as políticas de ação afirmativa para acesso dos afrodescendentes ao ensino superior.

Entretanto, é visível a ausência de apoio político manisfestado pelos interessados. Como disse o Senador Pedro Simon na semana que passou, as ruas, a pressão fruto da mobilização da população é o caminho mais rápido para que os interesses da população sejam defendidos por nossas elites políticas.

Ao longo dos últimos anos, por diferentes razões, da cooptação de organizações ao recrutamento de lideranças para o aparelho do Estado, nós, com raras exceções, abandonamos o trabalho de organização da militância política nas comunidades empobrecidas , habitadas pelas populações de origem africana.

Um segundo ponto importante, a necessidade de renovação do discurso anti-racista de modo a extirpar um racialismo nacionalista absolutamente inadequado e inoperante.

Agora que oficialmente compomos a maioria da população brasileira, precisamos renovar nosso discurso de modo a construir uma plataforma política capaz romper a hegemonia conservadora. Precisamos aprender com nossos companheiros da África do Sul, mais do que dos EUA, como enfrentar um poder minoritário mais eficiente de manutenção do status quó.

Eis os novos desafios para uma vitória definitiva da causa da igualdade!!!

Comentários

Unknown disse…
Belo texto Professor.
Att.;
Grazi
Beatriz disse…
Bom texto!
"Um segundo ponto importante, a necessidade de renovação do discurso anti-racista de modo a extirpar um racialismo nacionalista absolutamente inadequado e inoperante". Gostei dessa parte em especial!
M.Teresa. disse…
Parabenizo a equipe liderada pelo Prof.Paulino por esta iniciativa que dá visibilidade ao tema e cria possibilidades para o exercício da alteridade.
Maria Teresa/DH/UDESC