SÓ HOMENS E MULHERES LIVRES PODEM NEGOCIAR (NELSON MANDELA)


A devastação promovida por Temer e demais golpistas são ações de curto prazo, mas de alcance estratégico e alto poder de destruição. Seguem o receituário liberal e colonialista de redução do papel do Estado, precarização das condições de trabalho e inserção subordinada do país no mundo, na condição de mero vendedor de produtos primários. Por toda parte as garras dos abutres do Mercado Financeiro, os únicos a ganhar com essa política de juros altos e austeridade fiscal.
Entretanto, aquilo que deveria nos paralisar , seguindo a doutrina do choque e pavor, deve ser visto como uma oportunidade de, a partir de uma autocrítica profunda do Movimento Negro e suas relações com a esquerda branca, iniciarmos uma virada histórica na luta antirracista de nosso país.
Ou seja, temos a possibilidade de nos construir como um movimento de massa, se formos capazes de construir redes de apoio mútuo que forneça o mínimo de assistência aos milhões de negros e negras que serão jogados na miséria, sem a rede de proteção social dos Governos Lula/Dilma. Temos que cuidar da educação política, segurança alimentar, assistência jurídica, sistema de cadastro de emprego, além de apoio a autoconstrução.
Da mesma forma que as igrejas evangélicas, inclusive, a estratégia de M.L. King, nós temos que fazer a população negra acreditar que são violentados como negros e o movimento negro, o engajamento na luta antirracista é que dará sentido as suas vidas e uma possibilidade de melhoria da sua qualidade de vida. precisamos nos preparar para proteger minimamente nossa população e direcionar suas tomada de consciência , sua raiva e frustração para o enfrentamento da branquitude enquanto prática de poder colonial que permite a nossa perpetuação como dependentes, de quem se explora o trabalho, a obediência e o sexo. Precisamos romper com nossa relação subordinada com os colonos autodenominados brancos. Dito de outro modo, deixar de acreditar que a nossa dignidade como pessoas humana depende do reconhecimento dos brancos.
Precisamos voltar ao tempo em que nas entidades do Movimento, os jovens militantes disputavam entre si  quem era capaz de construir núcleos de base. Com a vantagem que hoje possuímos uma classe média negra em condições de contribuir com trabalho, conhecimento e dinheiro. Nós negros temos uma renda de um trilhão e duzentos bilhões de reais, temos que ser capazes de captar parte disso para a luta. 
Temos que deixar de acreditar nas instituições da democracia branca, mas usa-las para os nossos fins e nos prepararmos para uma nova etapa de transformações. Em breve a esquerda branca voltará ao Governo, mas essa esquerda tão bem representada por Dilma Rousseff não nos interessa. Afinal, é um Governo para nós mas não conosco!!!!
Não temos de exigir espaço, nós temos que ser protagonistas da nossa própria história, articulando toda as redes a partir de suas capacidades em um movimento que busque a transformação radical da sociedade. É isso que temos a aprender com a Revolução Haitiana, a Luta contra o Apartheid , mas também o MST e MTST.
Não podemos ter medo de sermos presos ou morrer, pois só homens e mulheres livres podem negociar!!!
Buenos Aires, dezembro de 2016!!

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